Título:
A Cor Púrpura
Autora:
Alice Walker
Editora:
José Olympio
Páginas:
336
Onde
comprar: Amazon
"O que Deus fez por mim? perguntei. Ele me deu um pai linchado, uma mãe louca, um cachorro ordinário como padrasto e uma irmã queu na certa nunca mais vou ver. De todo jeito, eu falei, o Deus pra quem eu rezo e pra quem eu escrevo é homem. E age igualzinho aos outro homem queu conheço. Trapaceiro, isquecido e ordinário.
Ela falou, Dona Celie, é melhor você falar baixo. Deus pode escutar você.
Deixa ele escutar, eu falei. Se ele alguma vez escutasse uma pobre mulher negra o mundo seria um lugar bem diferente, eu posso garantir." [sic]
Celie é mulher e negra. Ela, como muitas
outras de sua época, sofreu duplo preconceito, dupla agressão, duplo sofrimento
– todos "duplos" que ainda permanecem arraigados na sociedade de
hoje, infelizmente.
Celie não tinha para quem reclamar ou
pedir ajuda, por isso ela escrevia (de acordo com seus parcos limites de
escolaridade) para Deus, inicialmente. Um Deus, que não visão dela, a havia
abandonado. Já aos 12 anos ela era estuprada pelo padrasto e, assim, acabou
sendo afastada dos estudos por causa da gravidez. No entanto, não havia mais
espaço na casa para mais duas bocas para alimentar. As crianças sumiram
rapidamente.
Celie apanhava todos os dias. Era feita
de escrava todos os dias. Sofria agressões de todos os tipos a todo momento.
Foi por essa razão que ela não se opôs ao ser entregue para se casar com Sinhô.
Não faria diferença. Todos os homens eram iguais: "Trapaceiros,
esquecidos, ordinários."
"Mas eu num sei como brigar. Tudo o queu sei fazer é cuntinuar viva." [sic]
Mal sabia Celie que sua vida estaria
prestes a mudar. Uma mudança lenta e sutil, mas que transformaria quem ela era,
quem ela gostaria de ser: ela mesma, sem amarras, sem medos, sem mais
sofrimentos. E tudo começou com a chegada de Shug Avery, um antigo caso de amor
de Sinhô. Shug era o tipo de mulher deslumbrante, que vivia cantando pelo país
e não aceitava ser subjugada por nenhum homem. (Enxergo essa personagem como o
feminismo puro e simples, que brigava pela igualdade e se recusava receber
ordens de qualquer tipo. Shug era a liberdade feminina, a força interior e a
segurança que estava faltando dentro de Celie.)
"Ele bate em mim quando você num tá aqui, eu falo.
Quem? Ela fala. Albert?
Sinhô, eu falo.
Num posso acreditar, ela fala. Ela sentou no banco perto de mim com toda força, como se tivesse caído.
Por que ele bate em você? ela perguntou.
Porque eu sou eu e não você.
Oh, dona Celie, ela falou. Então ela me beijou na parte carnuda do ombro e levantou.
Eu num vou embora, ela falou, até eu saber que o Albert num vai nem mais pensar em bater em você." [sic]
Enquanto Celie aprendia sobre amar e ser
amada com Shug, sua irmã caçula Nettie – que havia conseguido fugir do padrasto
– se encontrava na África cumprindo missões e vendo, dia após dia, o cruel
absurdo que foi o neocolonialismo. Ambas irmãs, tão distantes uma da outra, mas
sempre procurando manter o contato através do Atlântico, durante 40 anos, vão
lutar pelo que acreditam: que ainda existe amor e tolerância nesse mundo
aparentemente abandonado por um Deus homem e branco.
Ler A Cor Púrpura é o mesmo que levar
diversos golpes. As páginas são carregas de uma realidade pouco lembrada por
nós e é isso que faz diversos trechos serem extremamente chocantes para quem
está no séc. XXI. Poucas histórias abrem espaços para tanta reflexão quanto a
de Alice Walker. Do preconceito ao machismo, do neocolonialismo à violência ocidental,
é impossível o leitor não sentir no âmago o que foi a vida de milhões de
"Celies" e "Netties". A leitura é dolorosa e sobretudo
necessária. Chorar faz parte desse processo. Largar a leitura para poder parar
e refletir, também. Soltar palavrões é outra atitude que tive diversas vezes,
porque, me desculpem, mas A Cor Púrpura é um dos livros mais F**** que já li.
Ps: no início me senti incomodada com os
erros de grafia (propositais). Porém, são eles que dão um toque a mais de
realidade a tudo. A leitura não seria a mesma sem eles.
"Me diga como é o seu Deus, Celie.
Tá bom, eu falei. Ele é grande e velho e alto e tem uma barba cinza e branca. Ele usa roupa branca e anda discalço.
Ela deu risada. Por que você tá rindo? perguntei.
Porque é ele que tá na Bíblia branca dos branco.
Foi Deus quem escreveu a Bíblia, os branco num tem nada a ver com isso.
Então porque ele é igualzinho a eles, hein? ela falou. Porque a Bíblia é igualzinha a tudo que eles fazem, só tem eles fazendo isso e aquilo, e tudo que tem dos negro é o negro sendo amaldiçoado? (...) Você tem que tirar o homem da sua vista antes de poder ver alguma coisa. O homem corrompe tudo. Ele tenta fazer você pensar que ele tá em todo lugar. E quando você pensa que ele tá em todo lugar, você começa a pensar que ele é Deus. Mas ele num é. Quando você tiver tentando rezar e o homem se estatelar lá no fim, diga pra ele se mandar." [sic]
Classificação:
Eu tenho esse livro na minha fila. Vou colocá-lo na frente pois parece uma leitura bem interessante e marcante.
ResponderExcluirbjs
Amor Por Livros
http://amo-os-livros.blogspot.com.br
Oi, Gabriele :)
ResponderExcluirAdorei sua resenha, deu pra perceber que o livro lhe causou muita emoção, e sinceramente, quero sentir tudo isso também, pois, gosto de leituras densas assim, capazes de deixar marcas e fazer o leitor refletir.
PS.: Você comprou esse livro na Bienal do livro, não foi? Lembro do post seu e da Bru na Bienal e senão me engano esse estava na lista de aquisições.
Beijos
http://coisasdediane.blogspot.com.br/
Ola
ResponderExcluirJa li muitos comentários positivos dessa obra e ainda espero poder conferir. Sua resenha me deixou ainda mais motivada. Pelo que pude compreender, é uma obra bem marcante né? Imagino que os sentimentos não poderiam ser mais intensos.
Beijos, F
Oi Gabrielle,
ResponderExcluirconhecia esse livro apenas de nome e de capa, não fazia ideia sobre a temática e a carga dramática que ele trás, mas posso dizer? Já amei e quero um pra mim. A alguns anos atrás eu li "Escravas de coragem" um livro que vou levar comigo por muitos e muitos anos, se não por toda a vida e adoraria voltar a todo aquele sentimento que li através desse obra que você indica, porque pelo que eu pude ler em sua resenha os dois seguem a mesma linha. Quanto aos erros propositais o que li também os tinham, acredito que essa estratégia seja comum m livros do tipo.
Beijos!
Oi tudo bem
ResponderExcluirNossa, que coisa horrorosa! Sofrer abusos do próprio pai e ainda ter filhos desses abusos, no plural? Que coisa mais horrorosa, porque né, depois da primeira vez acho que daria para pelo menos desconfiarem do que estava acontecendo. Acho que a leitura é forte demais para mim, mais gostaria de conhecer a história.
Olá,
ResponderExcluirParece ser uma história bem triste essa e imagino que tudo que Celie passou seja bastante difícil. Acho que torceria bastante para a protagonista para ela dar a volta por cima. Imagino que os trechos choquem mesmo o litor e fiquei interessada em poder ler o livro, sua resenha me deixou bastante curiosa!
www.virandoamor.com
Realmente é uma história maravilhosa! Só assisti ao filme, mas sempre que leio uma resenha, só vejo elogios para o livro e imagino que realmente seja muito mais intenso. A resenha está perfeita e nos faz sentir vontade de proteger Celie. Quero um livro desse pra ter na estante também, adorei a capa.
ResponderExcluir*☆* Atraentemente *☆*
Olá! amei o livro, me lembrou tipo vidas secas. Por ser um livro, de linguagem diferente, contando sobre um tempo muito longe do nosso. Parabéns pela resenha. Abraço
ResponderExcluirBia
Oi, Gabrielle!
ResponderExcluirEsse livro é sensacional, um soco no estômago, incrível!
Beijos
Oiii tudo bem??
ResponderExcluirSou louca pra ler esse livro, mas sinto muito incomodo so de pensar no tema. É bem forte né??
Adorei sua resenha, lerei.
Bjus Rafa
Oie! Tudo bem?
ResponderExcluirTenho o marcador de página desse livro, mas nunca havia lido uma resenha dele ou procurar me informar sobre o que se tratava a obra, sua resenha caiu bem, pois fiquei com vontade de realizar a leitura do livro, espero gostar e conseguir seguir adiante na leitura por causa dos temas abordados na obra!
Bjss
Olá,
ResponderExcluir"Ler A Cor Púrpura é o mesmo que levar diversos golpes." É justamente por isso que ainda não li essa obra, o adquiri no kindle, mas por ter essa premissa mais tensa e triste estou adiando a leitura para um momento mais feliz. No entanto, quero muito conhecer essa história, sei que vai ser difícil, porém sei que vai ser uma história da qual não me arrependerei por ter lido.
Oiii!!!
ResponderExcluirNão conhecia esse livro, mas já estou com vontade de ler. Li recentemente "O sol é para todos" que também fala sobre o preconceito e também é da mesma editora, eu recomendo a leitura. Me parece ser um livro realmente forte, fico imaginando o quanto a Celie deve ter demorado para superar os maus tratos que ela sofreu em casa.
Beijos
Olá,
ResponderExcluirQuero fazer essa leitura já a algum tempo, mas não consegui. Tenho certeza de que lê-la me causará certa indignação já que é uma realidade da qual fugimos mas que está ali e só precisa ser vista.
Célia terá uma grande mudança em sua vida e estou bem intrigada para saber como isso se deu.
LEITURA DESCONTROLADA
Oiee Gabi ^^
ResponderExcluirAinda lembro quando a editora ia lançar essa nova edição, e eu quaase pedi um exemplar *-* se arrependimento matasse, eu já estaria enterrada...haha'
Ainda não li o livro, mas vi o filme, e já foi arrebatador, ri, chorei, abracei meu ursinho de pelúcia em certas cenas e quase berrei com o final. Não sei se é o mesmo final do livro, mas espero que sim...haha' estou doida para ler ♥
MilkMilks ♥
Oi.
ResponderExcluirFazer um tempo que esses livro esta na minha lista.
Mas eu não posso ler um livro tão reflexivo e carregado de drama no momento. Estou estudando prara concursos e, quando tenho momentos de descanso, quero assistir qualquer coisa que não faça meu cérebro trabalhar muito.
Beijos.
Oiii
ResponderExcluirBom diaaa!
Quando li este livro ele me despertou emoções fortes.chorei bastante com ele.e no final ele me deixou reflexiva por um bom tempo.me senti como vc como se tivesse levado diversos golpes.
Uma leitura que valeu muito a pena é que bom que vc tbm gostou .
Oi.
ResponderExcluirSó li sobre este livro quando ele foi lançado, não sei muito sobre ele, nem sobre a história do livro. Mas sempre me interessei por ele por causa da capa. Estou bem ansiosa para ler o livro, não vejo a hora de conseguir comprá-lo.
Sempre vejo falarem muito bem desse livro - bem como da adaptação cinematográfica do mesmo. Gosto de lviros que nos colocam a pensar em coisas que geralmente ignoramos, embora sejam/estiveram presentes em nossas vidas. A capa dessa edição é maravilhosa... E acho que também me sinto incomodada com esses erros de português, huahuaha!
ResponderExcluirEspero um dia ainda ter a chance de ler esse livro!
Abraços!
www.asmeninasqueleemlivros.com