A Cidade do Sol

A Esperança move o Mundo

Às vezes o destino pode surpreender. As coisas mais improváveis acontecem, e o que era inimaginável torna-se real. Khaled Hosseini conta, em "A Cidade do Sol", como histórias completamente diferentes podem se cruzar e, à partir daí, formar uma só, superando todas as expectativas. Além do destino, o autor trata de algo mais profundo, algo que move o mundo: a esperança.
Mariam, sempre viveu reclusa do resto do planeta. Morava com a mãe em uma casa rústica, aos redores de Herat, e sonhava com o dia em que abandonaria sua realidade pacata para realizar seus desejos. Esperava ansiosamente a semana inteira pelo dia em que o pai viria - às quintas feiras. Entretanto, apesar de amá-lo e confiá-lo acima de tudo, Mariam vai perceber o quanto sua inocência é capaz de feri-la e de desgraçar toda sua existência. 

"Na hora, Mariam não entendeu nada. Não conhecia aquela palavra, 'harami', e não sabia que significava 'bastarda'. Tampouco tinha idade suficiente para avaliar aquela injustiça, para ver que a culpa é dos que geram os 'harami', e não dessas crianças cujo único pecado foi ter nascido."

Após ser rejeitada pelo pai, Mariam se vê sem escolhas e é obrigada a casar-se com Rashid - um homem muito mais velho que ela e que vai se mostrar indigno e violento para com Mariam, uma menina de 15 anos.

Já Laila parecia viver em um mundo diferente do de Mariam. Era uma loirinha que esbanjava alegria e tinha um pai que a estima mais que tudo na vida. Um pai que era contra a guerra e à desvalorização da mulher no Afeganistão.

"Sei que você ainda é pequena, mas quero que ouça bem o que vou lhe dizer e entenda isso desde já. O casamento pode esperar; a educação não. Você é uma menina inteligentíssima. Vai poder ser o que quiser, Laila. Sei disso. E sei também que, quando esta guerra terminar, o Afeganistão vai precisar de você tanto quanto dos seus homens, talvez até mais. Porque uma sociedade não tem qualquer chance de sucesso se as suas mulheres não forem instruídas, Laila. Nenhuma chance."

Além disso, desde pequena, Laila nutria um grande amor - puro e sincero - por Tariq, seu melhor amigo. Um amor que foi capaz de mudar muitas vezes o destino de ambos ao longo dos anos.

"Tariq voltou a fechar o tambor da arma.
- Você seria capaz? - perguntou Laila.
- De quê?
- De usar essa coisa. De matar com ela. 
O rapaz enfiou o revolver na cintura da calça e disso algo a um só tempo maravilhoso e terrível.
- Por você - respondeu ele. - Eu usaria isso para matar alguém por você, Laila."

A única coisa que Mariam e Laila tinham em comum era o fato de morarem na mesma rua. Quando a casa de Laila foi bombardeada pelos Talibãs, a moça foi socorrida por Rashid, e por falta de possibilidades nesse novo Afeganistão em chamas, tornou-se a segunda esposa do homem. 

"Laila sabia que em algum ponto da cidade, alguém tinha acabado de morrer e que um rolo de fumaça negra pairava sobre algum prédio que desmoronou, em meio a uma nuvem de poeira. De manhã, haveria corpos pelo chão. Alguns seriam recolhidos. Outros não."

Em meio a brigas, violência, abuso e sofrimento, as duas mulheres vão aprender a amar e a defender uma a outra - como mãe e filha -, e acima de tudo, a lutar contra a vida cruel que o destino havia lhes imposto.

"Laila observou o rosto desfeito de Mariam, as pálpebras formando pregas cansadas, os vincos profundos que lhe cercavam a boca - e era também como se visse aquela mulher pela primeira vez. E, pela primeira vez, não era o rosto de uma adversária que estava à sua frente, mas sim o de uma mulher que sofria calada, que aceitava as imposições sem protestar, que se submetia a um destino que era preciso suportar. Se continuasse nessa casa, quem sabe aquele não seria o seu rosto daqui a uns vinte anos?"

De todos os livros de Khaled Hosseini este foi o que mais me encantou - e chocou. Retrata do Afeganistão monárquico até a queda dos Talibãs. É uma história que mescla o amor ao ódio, o sonho a realidade, o destino a esperança. Devo dizer que foi um livro que arrancou de mim lágrimas e indignação, e que, com toda certeza tornou-se um favorito, não apenas em minha estante, mas em minha vida.

Informações Adicionais:
Autor: Khaled Hosseini
Título: A Cidade do Sol
Editora: Nova Fronteira
Páginas: 368
Nota da Leitora: 5 estrelas/Favorito

9 comentários

  1. Oi Gabrielle, tudo bom?
    Vi seu recadinho no skoob e resolvi vir lhe fazer uma visitinha!
    Eu amo Cidade do Sol. É o meu livro preferido do Khaled, tem uma profundidade e um sentimento muuuuito grande, me modificou muito na forma de pensar e agir com a questão de outras culturas.
    Sua resenha está excelente, parabéns!
    Beijão
    Endless Poem

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  2. Obrigada, Sarah!
    Este livro, realmente se tornou meu preferido de todos que ele já escreveu, também.
    Quem lê A Cidade do Sol passa a ver o mundo com olhos diferentes! É de uma profundidade que chega a ser assustadora.
    Beijos

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  3. Olá Meninas, acabei dando uma passadinha aqui após ver o recado de vocês no skoob. E, eu queria muito ler este livro, depois dessa resenha fiquei com mais vontade.
    Parabéns pela resenha e pelo blog. ;)

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    1. Olá, Diana!
      Obrigada!
      E pode ler sem pensar duas vezes.
      É um livro esplêndido. Não tem como se arrepender, eu garanto!
      Beijos

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  4. Nossa, a resenha ficou ótima. Ficou muito melhor para ler agora. Bjinhos.

    http://lendoumsonho.blogspot.com.br/

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    1. Obrigada, Laís!
      Sim, ficou melhor para ler agora, não é? Haha
      Beijos!

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  5. Muito lindo mesmo esse livro. Já faz um bom tempo que eu o li, mais acho que vou reler.
    Gostei da resenha.
    Beijos.
    http://detudoumpoucodany.blogspot.com.br/

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    1. É um livro maravilhoso! Eu leria infinitas vezes.
      Fico feliz que tenha gostado,
      Beijos!

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  6. Desse autor só li O Silêncio das Montanhas, em breve lerei O Caçador de Pipas.
    Sua resenha me cativou, simplesmente adorei e necessito ler esse livro também, rs.
    Beijos - Tão doce e tão amarga.

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