O Caçador de Pipas

Triste mas impressionante
[...] "É duro dizer isto" [...] "Mas é melhor uma verdade que dói do que uma mentira que conforta."

Primeiramente, penso ser de grande relevância dizer que "O Caçador de Pipas" foi o livro que mais me emocionou, até o presente momento. É uma história de amor e ódio, coragem e covardia, fidelidade e traição, culpa e redenção. Uma história para chorar. Khaled Hosseini mostra aos leitores que nem sempre a realidade é como a vemos, e, que, às vezes, ela pode ser cruel.


Amir e Hassan cresceram juntos. Apesar de serem etnica e socialmente distintos, passaram os anos de suas infâncias sempre na presença um do outro - brincando, lendo, indo ao cinema, é é claro, empinando pipa e correndo para apanhar as que caiam. Neste quesito, Hassan era o melhor caçador de pipas que Amir conhecia. Ele, simplesmente sabia onde a pipa cairia.

"Nada disso importa. Porque não é fácil superar a história. Tampouco a religião. Afinal de contas, eu era pashtun, e ele, hazara; eu era sunita, e ele, xiita, e nada conseguiria modificar isso. Nada.

Mas éramos duas crianças que tinham aprendido a engatinhar juntas, e não havia história, etnia, sociedade ou religião que pudesse alterar isso. Passei a maior parte de meus primeiros doze anos de vida brincando com Hassan. Às vezes, toda a minha infância parece ter sido um longo dia preguiçoso de verão em companhia de Hassan, um correndo atrás do outro por entre as árvores do quintal da casa de meu pai, brincando de esconde-esconde, de polícia-e-ladrão, de índio e caubói, de torturar insetos."

Entretanto o destino decidiu que as coisas não seriam assim para sempre.

"- Por você, faria isso mil vezes! - disse ele. E deu aquele sorriso de Hassan, desaparecendo então na esquina. Só voltei a vê-lo sorrir assim tão descontraído vinte e seis anos mais tarde, olhando uma foto Polaroid desbotada."

Embora fosse Amir o menino que ia à escola e sabia ler, Hassan era sábio, corajoso e fiel ao amigo, acima de tudo.

"- Que hazzara mais leal... Leal como um cachorro - disse Assef."

Era a vez de Amir por seu amor à prova, mas, antes de sequer pensar em agir, foi traído por sua covardia, fazendo Hassan pagar caro.

"Abri a boca e quase disse algo. Quase. O resto da minha vida poderia ter sido bem diferente e se eu tivesse dito alguma coisa naquela hora. Mas não disse. Só fiquei olhando. Paralisado."

Com a queda da monarquia no Afeganistão, o caos instalado obrigou Amir e seu pai a fugirem para a América.

Mesmo depois de muitos anos vivendo nos EUA, Amir não conseguia desvencilhar-se de seu passado - passou sua vida sofrendo de culpa e buscando por redenção.

"Tinha razão em achar que eu sabia durante todos esses anos. Era verdade. Hassan me contou tudo, pouco tempo depois do ocorrido. O que você fez foi errado, Amir jan, mas não se esqueça que era apenas um menino quando isso aconteceu. Um menino com problemas. Nessa época, você era execessivamente duro consigo mesmo e continua sendo - como pude ver em seus olhos aqui em Peshwar. Mas espqeo que pense bem nisso: um homem que não tem consciência, que não tem bondade, não sofre. Tenho esperanças de que o seu sofrimento termine com essa viagem ao Afeganistão."

"Sei que, no fim, Deus vai perdoar. Vai perdoar a seu pai, a mim e também a você. Espero que possa fazer o mesmo. Perdoe seu pai, se puder.  Perdoe-me, se quiser. Mas, acima de tudo, perdoe a si mesmo."

As tentativas de perdoar a si próprio levaram Amir de volta à sua terra natal - um Afeganistão que ele não mais conhecia.

"Cruzamos a fronteira e os sinais de pobreza estavam por toda parte. De ambos os lados da estrada, viam-se diversas pequenas aldeias que surgiam aqui e ali, como brinquedos que tivessem sido jogados fora entre os rochedos."

É nesse lugar completamente transformado que Amir descobre o segredo que o pai privou dele a vida inteira. Um segredo que pertencia a Amir e Hassan. Um segredo que poderia salvar a vida de ambos. Por fim, decidido a reparar seus erros, Amir enfrenta seus medos, e desafia o próprio Talibã. Tudo em busca de redenção.

"Tinha sido apenas um sorriso, e nada mais. As coisas não iam se ajeitar por causa disso. Aliás, nada ia se ajeitar por causa disso. Só um sorriso, Um sorriso minúsculo. Uma folhinha em um bosque, balançando com o movimento de um pássaro que alça vôo.

Mas me agarrei àquilo. Com os braços bem abertos. Porque, quando chega a primavera, a neve vai derretendo floco a floco, e talvez eu tivesse simplesmente testemunhado o primeiro floco que se derretia. 

Saí correndo. Um adulto correndo em meio a um enxame de crianças que gritavam. Mas nem me importei. Saí correndo, com o vento batendo no rosto e um sorriso tão grande quanto o vale do Panjsher nos lábios."

Informações adicionais:
Autor: Khaled Hosseini 
Título: O Caçador de Pipas
Editora: Nova Fronteira
Páginas: 368
Nota da Leitora: 5 estrelas/ favorito

4 comentários

  1. A resenha ficou ótima, mas eu não gostei do livro... não daria todas essas estrelas. Não tenho um motivo forte, apenas não é o meu estilo de leitura. Mas parabéns pela resenha.

    Beijos
    tam

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  2. Obrigada!
    Eu já gosto bastante de livros assim... Hahaha
    Beijos, Tamiris!

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  3. Ótima resenha!
    Eu também achei muito bom esse livro, me emocionou bastante, algumas vezes até parei a leitura por serem partes extremamente tristes, mas é com certeza um ótimo livro.
    Beijos!
    Monomaníacas por Livros

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    Respostas
    1. Obrigada!
      É realmente muito triste. E é mais triste ainda pensar que, quantas histórias como essa não devem acontecer na vida real?
      Beijos!

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