Vamos conversar? #9

Oioi pessoal, como vocês estão?

Eu sei que o foco do blog não é conversar sobre temas polêmicos, nem abrir grandes discussões, mas sinto que preciso fazer isso por uma questão de consciência e, principalmente, para saber o que vocês pensam sobre o tema, afinal, discussão saudável é essencial para criarmos um mundo melhor.


Foi pensando nisso que decidi falar com vocês sobre Violência doméstica e familiar. Primeiro, para quem não sabe, a leu 11.340/06, em seu Art. 5º, define violência doméstica e familiar contra mulher como “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial” quando praticada no âmbito da unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto.

A violência, portanto, caracteriza-se como todo e qualquer tipo de agressão no âmbito domiciliar e familiar, mas, ela não se resume apenas a acontecimentos em casas, ela também é caracterizada por qualquer tipo de agressão que possa ocorrer entre pessoas que já se relacionaram em algum momento da vida.

Infelizmente, como se não bastasse todo o drama vivido por uma mulher nessas situações, a sociedade ainda é extremamente preconceituosa e alega “O que a senhora fez para ele te bater?”, “Por que não denunciou da primeira vez?”, “Por que não se separa?”, “É mulher de malandro, gosta de apanhar” e, a mais assustadora, “Ela fez por merecer”. O homem, em contrapartida, é defendido “Ela provocou”, “Ninguém mandou fazer isso”, “É obrigação dela aceitar o que o marido faz” e “Eu só estava demonstrando meu amor, eu a amo e não aceitaria vê-la com mais ninguém”. Eu me pergunto até quando viveremos nessa hipocrisia que a culpa é da mulher e que a culpa é da vítima. A única pessoa culpada – e que precisa ser responsabilizada – é o agressor em todas as situações. Ele pôde escolher não fazer tal coisa, ele pôde tentar ser uma pessoa melhor e não foi, portanto, por que a culpa haveria de ser de quem não teve escolha?

Mas, ela poderia ter ido embora ao primeiro sinal de violência. Sim, ela poderia ter ido embora ao primeiro sinal, poderia sequer ter se envolvido com um ser humano dessa estirpe, mas alguém já se perguntou se a família, amigos e até a sociedade dão essa opção para a mulher? Pensem comigo, você está em um relacionamento abusivo. As coisas começam simples: “Não usa essa saia, é muito curta”, “Tira a maquiagem, que você está uma palhaça”, “Mulher minha não bebe e não fala com outros homens”. No começo é aquela euforia “Ele faz isso porque me ama”. Então, coisas piores começam a acontecer. Ele começa a xingar porque você errou no sal do arroz. Ele alega que precisa do seu salário para pagar as contas e você fica sem acesso ao seu dinheiro. Ele faz você se afastar dos seus amigos, pois ele é a única coisa que importa. Então, um dia, ele não se contenta em apenas xingar, ele te bate. Mas, ele pede perdão e jura que isso não vai mais acontecer. Ele se esforça para melhorar. E melhora. Mas, então, ele te força a fazer sexo com ele, quando você não quer. Isso faz ele pensar que você tem um amante, ele te bate, diz que a culpa é sua, você tem que estar bem e disponível sempre que ele quiser. Nesse momento você já perdeu o acesso ao seu dinheiro, seus amigos e sua vida social. A única coisa que te resta é sua família, mas como pedir ajuda se sua família é machista? Se acha que o que ele faz certo?

“Eu vou na delegacia, eles vão me ajudar”. Sim, eles abrem um B.O. expedem uma medida protetiva que ninguém vai assegurar que será cumprida e te mandam para casa. Mas ele volta, jura que está melhor, está até fazendo tratamento. Você está sozinha, vulnerável, tem um filho para criar, aceita ele de volta. Tem fé que ele melhore. Mas a situação piora e você morre. A sociedade torna a te culpar “Por que aceitou ele de volta?”.

Em pouco mais de 500 palavras resumi a vida de muitas mulheres, o sofrimento que elas passam e o quão preconceituosa a sociedade é. A vida só vai melhorar quando pararmos de romantizar situações perigosas, quando aprendermos que a culpa nunca é da vítima.


Mas, além de uma conscientização sobre o tema – que eu espero que vocês já tenham – esse post é para dizer que não é bonito ler um livro onde a mulher é menosprezada, julgada e maltratada e achar isso romântico. Nós precisamos tirar isso da nossa sociedade, precisamos nos livrar da ideia de que o homem não querer que você faça alguma coisa é legal e romântico, porque está longe de ser. É errado. Então, amiguinhos, vamos começar a analisar melhor o que é romântico, bonito e o que desejamos para nossa vida e para o próximo. Lembrem-se, o amor não machuca.

Venham conversar comigo sobre isso. Me contem o que acham no contexto social e no contexto literário.


Beijos,

11 comentários

  1. Em primeiro lugar, acredito que falar sobre tudo hoje em dia, seja essencial. Mesmo com tantas mudanças(boas) chegando, ainda há mulheres que se sujeitam a todo tipo de violência e penso eu, nem se dão conta disso.
    Morei certa vez ao lado de uma família muito grande. O pai bebia, batia nos 5 filhos e na esposa. Um dia, chamei a polícia. Os policiais vieram, ela disse na minha cara que eu tinha inventado. Os policiais olharam as crianças no canto da sala, todas encolhidas, sinais de choro e não puderam fazer nada.
    No outro dia, olhei bem na cara dela e falei: Você merece apanhar todos os dias, mas teus filhos não. Você escolheu isso e não dá direito a eles de terem outra vida.
    Por muitas vezes, colocava o fone de ouvido para não ouvir os gritos. Ainda não sei se ela apanha. Os filhos seguiram seus rumos, se casaram. Ela continua com ele.
    Me mudei.
    Acredito que a dor maior seja a da palavra. A carne sara, para de doer. Agora por dentro? Nunca!
    Que saibamos não nos calar diante do amor que oprime, maltrata, machuca.
    Que vivamos o amor em totalidade. Apenas isso!
    Amei o post!
    Beijo

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  2. Olá,

    Confesso que fiz parte da maioria que julgava duramente, não tenho vergonha em dizer isso, mas, amadureci, li livros que me fizeram entender como realmente acontece situações desse tipo e é triste, doloroso, angustiante e não desejo isso a ninguém. Para quem assim como eu julgava sem saber, leiam It Ends With Us da CoHo, foi um livro que abriu minha mente não só para violência física, como para a psicológica, "ver" em primeira mão o que alguém nessa situação sente machuca demais, porém acho que é uma leitura que agrega e nos torna pessoas melhores.

    Beijos,
    oculoselivrosblog.blogspot.com.br/

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  3. Mesmo que o objetivo do blog não seja esse, acho muito pertinente que você o traga para discussão, até porque, como somos leitoras e com o passar do tempo, nos tornamos mais conscientes da nossa condição no mundo, precisamos pensar e discutir assuntos assim. Foi a literatura que me ensinou algo super sério sobre este assunto: não julgar!!! Não temos esse direito. Mas em contrapartida, precisamos ficar mais sensíveis e espertas para entender quem está passando por isso ao nosso redor e sim, estender a mão par ajudar.
    Obrigada por este texto e pela oportunidade de poder dar minha opinião.
    MEU AMOR PELOS LIVROS
    Beijos

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  4. Oii
    É realmente muito importante falar sobre esse assunto, assim como alguns outros que são polêmicos também. Nunca passei por essa experiência aqui em casa nem nunca vi ninguém passando, graças a Deus. Mas se eu ver, vou denunciar com certeza. Acho um absurdo isso. Pior é quando existe a violência e depois pede desculpas e volta a cometer o erro. Tenho ranço disso.
    Bjoos, Bya! 💋

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  5. Gosei do post, além da boa escrita é um assunto bom de se discutir e avaliar. Eu trabalho em um blog e não sei como de fato é ser dona de um, mas sei que é cansativo ao mesmo tempo que seja bom de se escrever e tals. As pessoas deveriam pensar mais e julgar menos, em nossa sociedade isso acaba sendo muito constante. Somos todos humanos e deveríamos nos ajudar, não nos apunha-la pelas costas. Amei o post de verdade e o fato também de ser aberto a opiniões. Até a próxima, bjs

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  6. Olá Bruna, tudo bem?

    Este é um daqueles assuntos que só é discutido quando algum famoso está metido no meio. Ou quando alguma mulher ou pessoa considerada como "sexo frágil" morre de forma espalhafatosa (se eu posso classificar desta forma). Tive sempre uma boa família, então não vivi isso na pele em todos os meus vinte e seis anos de idade. Sempre passei longe de relacionamentos abusivos, então se algum homem começa a levantar a voz para mim, eu já aumento a minha mais ainda. Não sou de ficar calada, então acho que isso já é meio caminho andado para que não aconteça.

    Beijos

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  7. Oi, tudo bom?
    Você tá certíssima! Esse tema deve sim ser discutido e gritado aos quatro cantos, pois precisamos que as pessoas tenham consciência de que é preciso denunciar, e não vale a pena permanecer calado. Você abordou a temática de uma maneira muito boa, parabéns pelo post!

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  8. Oi, Bruna! Acho importante abrir a mente das pessoas para esse tipo de tema. Às vezes tentamos abordar esses assuntos pelas resenhas de livros, mas sempre parece superficial, afinal, é diferente falar de um caso específico do que falar no âmbito mais geral. Eu ainda fico abismada como muitas autoras ainda romantizam relacionamentos abusivos e como existem pessoas que aprovam isso, porque acham que o bad boy conseguiu mudar com a força do amor da mocinha. Isso é ruim, porque na vida real não funciona assim...
    Um ótimo post, parabéns!
    Bjs
    Lucy - Por essas páginas

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  9. Olá, Bru!
    Achei bem interessante o assunto que colocou em questão. A violência domestica e algo que infelizmente está presente na vida de muitas pessoas e que as vezes são silenciadas pelo seu medo. Realmente vemos muitas pessoas julgando falando " há é mulher de malandro gosta de apanhar" " Por que não separa?" mas ninguém está dentro da casa dessa pessoa para saber de fato o que está acontecendo, tem mãe que apanha do marido por proteger o próprio filho, conheço vários casos desse jeito. Conheço homens que se fazem de bom samaritano na frente das pessoas e espanca a mulher em casa. Infelizmente nós que estamos de fora da situação é difícil tentar ajudar. Aconteceu um caso recentemente aqui perto onde a amiga descobriu que a outra amiga estava sendo espancada e resolveu denunciar o marido da amiga, quando ele descobriu torturou ela e a matou chegou em casa matou a esposa e os dois filho. Ou seja as vezes também quem está do lado de fora fica com certo receio de denunciar por mais que seja anonimo hoje em dia esse povo dá um jeito de descobrir tudo. Acho que deveria haver um tipo de punimento maior para esse tipo de agressão. Mulher não é sexo frágil ela é mais forte que muito marmanjo por ai!

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  10. Olá...
    Adorei o post, mesmo não sendo o foco do UOH achei legal de sua parte trazer assuntos sérios assim.
    Tenho um caso em minha família de violencia domestica e posso dizer que é muito triste, infelizmente, tem muitas pessoas que só julgam mal a mulher e é nessa hora que entra os parentes e amigos para dar apoio.
    Fico feliz que tenha levantado essa qustão <3
    Bjo

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  11. Olá!
    Achei muito legal você abrir espaço no seu blog para falar sobre a violência doméstica. Infelizmente é um problema muito real e que acontece há séculos, e depende de nós mudar o destino de várias mulheres mundo afora. Incrível como alguém sempre conhece uma mulher que sofre com isso, chega a ser assustador!
    Beijos.

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