[Resenha] Tartarugas até lá embaixo, John Green

Título: Tartarugas até lá embaixo
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Páginas: 272
Onde comprar: Amazon | Saraiva

"Nunca reparamos muito no clima quando ele está bom, mas é impossível ignorar aquele frio que faz a gente ver a própria respiração. É o clima que decide quando devemos pensar nele, não o contrário."

Tartarugas até lá embaixo é mais um livro do aclamado autor John Green. Nessa obra acompanhamos a história de Aza Holmes, uma jovem garota de 16 anos com TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) que embarca em uma aventura para encontrar um bilionário misteriosamente desaparecido. Esse homem é pai de seu amigo de infância, Davis, e ela só embarcou nessa missão porque sua melhor amiga, Daisy, praticamente implorou. Além, é claro, de o prêmio – 100 mil dólares – ser uma quantia maravilhosa! Elas conseguirão descobrir alguma coisa que a polícia ainda não viu? 

Havia muito tempo que não lia nada do John Green – e olhem que não li todos seus livros. Quando vi o lançamento dessa trama e soube que teria como tema o TOC, senti necessidade de ler, não me importando com o preço que pagaria nele. Graças aos Deuses da Leitura não me decepcionei nada com essa trama. 
“— Acho que eu não gosto de ter que viver num corpo, se é que isso faz sentido. Acho que talvez, no fundo, eu seja só um instrumento, uma coisa que existe apenas para transformar oxigênio em dióxido de carbono, um mero organismo nessa… nessa imensidão toda. E é um pouco aterrorizante pensar que o que eu considero como o meu… abre aspas, meu eu... fecha aspas... não está nem um pouco sob o meu controle. Tipo, como você já deve ter percebido, minhas mãos estão suando apesar do frio, e eu odeio suar, porque quando começo não consigo fazer parar, e aí não consigo pensar em mais nada a não ser no suor. E se a gente não pode escolher o que faz nem o que pensa, então talvez a gente não seja real, sabe? Talvez eu seja uma mentira que estou sussurrando para mim mesma e nada mais.”

Aza é uma menina que poderia ser considerada normal não fossem seus pensamentos intrusivos e exaustivos. Ela vive bem, vai para a escola, sai com amigos, dirige, mas precisa se controlar de uma forma que nós não precisamos. Ela procura formas de se manter na realidade (arrancando sangue do dedo), mas isso faz com que ela fuja dela também: pois tem medo de pegar uma infecção. E isso é um ciclo vicioso.


Tentar descobrir o paradeiro do bilionário faz com que ela fuja um pouco de sua mente, mas a aproxima também de Davis e começa a surgir uma espécie de relacionamento entre eles. Em contrapartida, seu relacionamento com sua melhor amiga também não está tão bom, algumas situações são colocadas à prova e algumas discussões surgem. Viver na pele de Aza, ser Aza é uma sensação péssima e, por isso, senti dificuldade em ler esse livro, demorei até para fazê-lo. 
“Talvez você já tenha se apaixonado. Estou falando de amor de verdade, do tipo que minha avó descrevia recorrendo à Segunda Carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios, aquele amor gentil e paciente, que não tem inveja nem se enaltece, que tudo sofre, tudo crê e tudo suporta. Não sou de usar em vão a palavra que começa com A, dado que é um sentimento raro e precioso e que não deve ser banalizado. É possível levar uma vida feliz sem jamais conhecer o amor verdadeiro, o amor do livro de Coríntios, mas tive a sorte de encontrá-lo em Harold.”

Esse livro é cheio de mensagens nas entrelinhas, metáforas que são utilizadas para tentar transmitir o que Aza sente, sobre como dói sentir isso, mesmo que seja apenas uma sensação em sua cabeça. E, por conta disso tudo, eu comecei a perceber que fui incompreensiva muitas vezes com pessoas que sofrem com TOC, pois sempre achei que isso era uma frescura ou que a pessoa apenas gostava de ver tudo organizado, mas está longe de ser assim. A situação de Aza piora ainda mais com a mistura do TOC com a ansiedade. 
“Penso: Você nunca vai se livrar disso.
Penso: Você não controla seus pensamentos.
Penso: Você está morrendo, e dentro de você tem bichos que vão comer seu corpo até irromperem pela pele.
Eu penso e penso e penso.”

Mas, não pensem que o livro se resume apenas à mente de Aza e o sofrimento que ela passa, o livro também aborda questões da cultura pop, como Star Wars, Star Trek e várias citações de escritores famosos.


Esse livro me fez refletir sobre a vida de uma forma tão grandiosa que eu preciso dizer que essa leitura é quase obrigatória, que fará o leitor refletir, pensar e ver que a vida e problemas mentais não são tão simples assim. Obrigada, John, por ter escrito esse livro e por tê-lo feito tocar meu coração de uma forma que jamais imaginei ser possível. 
“Qual a diferença entre quem somos e o que temos? Talvez nenhuma.”


Classificação:

23 comentários

  1. Oi, Bruna. Eu vejo muitas resenhas sobre esse livro, algumas boas outras bem ruins, mas eu não gosto da escrita dele, infelizmente. Minhas experiências com ele são péssimas, por isso não sinto vontade de ler essa obra.
    Beijos
    http://www.suddenlythings.com/

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  2. Acredito que este tenha sido o livro que mais dividiu opiniões no último ano. Metade odiou e fez duras críticas e a outra metade amou e claro, mais uma vez, colocou John nas alturas!
    Eu ainda não tive a oportunidade de ler o livro,mas gosto até que razoavelmente do trabalho do autor, então com certeza, ainda é uma história que quero conhecer.
    Acho que fora o Toc que foi apresentado de uma forma mais abrangente,também vieram questões de família, visão do mundo. Isso é bem animador!
    Beijo

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  3. Oi Bru!

    Tudo bem? Em regra eu não gosto de ler lançamentos que estão fazendo muito sucesso e que está todo mundo falando porque acho que isso de alguma forma me influência na hora da leitura. Então sempre espero esse furor passar e só então decido se vou comprar o livro ou não.

    Bom, a única coisa que eu sabia é que em Tartarugas Até Lá Embaixo uma das personagens teria TOC, algo que o próprio John Green sofre, e é interessante ver isso sendo tratado por alguém que possua o transtorno dentro de uma obra de ficção. Eu sofro com TOC há anos e, mesmo fazendo tratamento, não é fácil.

    Que bom que a leitura foi tão importante a ponto de te fazer refletir, eu adoro livros assim! Também gostei de saber que o livro possui referências a cultura pop, sempre espero algo assim dos livros do John Green.

    Bom, como uma pessoa que tem TOC eu fico muito feliz por esse livro abordar de maneira tão realista o assunto, mas acredito que porque ainda estou no começo do meu tratamento não seria uma boa fazer essa leitura agora. Além disso, como disse, gosto de esperar o lançamento passar e ler quando ninguém estiver falando do livro.

    Beijinhos
    www.paraisoliterario.com

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  4. Oi Bru!

    Se por acaso eu já não estivesse doida para ler esse livro, certamente sua resenha teria embotado essa vontade em mim. Falou com tanta propriedade que me convenceu de novo. Adorei os seus comentários e fico deveras feliz que o John Green tenha escrito essa obra. Eu gosto muito, muito mesmo do autor e mal posso esperar para ler Tartarugas Até lá Embaixo.

    Ingrid Cristina
    Blog Catarse Literária

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  5. Primeiramente eu amei as fotos, mas teria comigo as tartarugas antes de tirar a segunda rsrs. Quanto ao livro. Menina, eu tenho uma caso de amor e ódio com o tio verde. Amo alguns liros e simplesmente odeio outros. Esse em especial me chama atenção por tratar de um assunto que conheço de perto, então pode ser que a leitura me fizesse refletir também, sem dizer que gosto de mensagens nas entrelinhas, me desperta curiosidade quanto a leitura.
    Ainda assim não sei se me agradaria do livro, espero que sim, pois quero ler.

    Beijos.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/

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  6. Oie
    Acredito que esse autor deva adorar metáforas, porque os livros dele tem sempre um ou mais kkk eu ainda não li esse, mas quero muito. Espero gostar dessa estória incrível e da Aza, amei a resenha.
    Bjos, Bya! 💋

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  7. Oi, Bru. Tudo bem?
    Adorei sua resenha!
    Desde que a Intrínseca lançou essa obra eu estou bastante ansiosa para realizar essa leitura. A premissa é bem legal e ao saber que é um livro que nos faz refletir me animei ainda mais! Além disso, como sempre me apego as obras de John Green creio que irei gostar desse também.
    Bjo

    http://coisasdediane.blogspot.com.br/

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  8. Oiii,

    Eu adoro a escrita do Jhon Green, apesar de não ser em todas as histórias que ele acerta rs. Tartaruga até lá em baixo parece ser uma obra muito boa e todo mundo fala da reflexão que a história trás, mas não me chama a atenção, eu fico pensando que quero ler, mas me falta uma vontade muito grande rs.

    Beijinhos...
    http://www.paraisoliterario.com/

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  9. Pois então, estou vendo que muitas pessoas gostaram e outras odiaram. Eu tenho um colega que no horário do almoço escolhe os talheres, fica escolhendo a comida e tudo o mais, mas sei que é toc por isso entendo. É uma coisa horrível e complicada de lidar, mas eu também quero ler este livro.

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  10. Só por ser do John Green e ter esse nome super criativo eu já estava curiosa para ler mas agora, lendo a sua resenha parece ser ainda melhor. Assim que tiver a chance eu compro :))
    Beijo!

    Sorriso Espontâneo

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  11. Heiii, tudo bem?
    Ainda nao li nada do John Green, mas já confesso que nao tenho nenhuma vontade, acho que nao consigo me sentir atraída pelas premissas das suas histórias.
    Fico feliz que o livro te fez refletir sobre a vida, livros assim sempre nos marcam.
    Achei a capa linda, a melhor de todas até agora, mas uma pena que nao vou ler.
    Beijos.

    Livros e SushiFacebookInstagramTwitter

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  12. Olá!
    Acho que John foi feliz em trazer a tona um assunto tão importante como o TOC e suas mazelas. Por incrível que pareça é mais comum que muita gente imagina. E estou bem curiosa para saber através da minha experiência como ele desenvolveu a narrativa e a vida da Aza.
    Espero realmente gostar da leitura.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  13. Eu só vejo comentários positivos a respeito desse livro e minha vontade de ler só aumenta. Tenho TOC e saber que um autor que possui o mesmo transtorno, escreveu sobre nossa realidade, só me deixa feliz demais em me ver representada. Espero ler em breve e adorei sua resenha.

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  14. Olá, tudo bom?

    Tartarugas Até Lá Embaixo foi a minha primeira leitura do ano e não poderia ter começado melhor! Eu também não li todos os seus livros e estava esperando esse lançamento há quatro anos e valeu a pena. O tema escolhido foi brilhante, ainda mais se pensarmos que ele também sofre TOC, e que consegue nos fazer refletir. Realmente, problemas mentais não são tão fáceis assim, nem tão aceitos, e livros como esse são importantes para debatermos o tema. Além de, claro, adorar as referências presentes na narrativa. Essa obra também tocou o meu coração de uma forma que jamais imaginei ser possível <3

    Enfim, adorei a postagem e agradeço a indicação :)
    Abraços.

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  15. Oi, Bruna! Tudo bem?
    Esse livro roubou meu coração de uma maneira que não sei nem explicar. Acho que sua resenha resumiu maravilhosamente tudo que senti lendo.
    Eu nunca imaginei que o TOC era algo tão forte e fiquei muito impactada acompanhar o sofrimento da Aza. Além disso, vi que há uma diferença entre o TOC e as manias que às vezes temos. Muitas vezes as pessoas falam têm TOC só porque gostam de ter as coisas arrumadas, mas isso é diferente da angustia que quem TOC realmente sente.
    Enfim, adorei a resenha e fico feliz que você também tenha apreciado a leitura. Concordo com você e achei esta uma leitura muito necessária.
    Beijos!

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  16. Oii Bruna, tudo bem? Que amor de resenha! E fiquei muito feliz sabendo que gostou tanto da leitura. John Green sabe mesmo como destruir o leitor, e agora de forma mais pessoal ainda. Por ter ansiedade me vi muito na Aza, nos seus conflitos, seus pensamentos obsessivos... Acho que foi o livro em que mais me vi representada. O trabalho que o Green fez aqui foi simplesmente incrível.

    Beijos!

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  17. Oiee Bru ^^
    Ao mesmo tempo em que quero ler esse livro - vi algumas pessoas, você inclusive, que gostaram da história e não se decepcionaram - tenho medo de acabar não gostando. Acontece que eu não sou muito fã do autor, os livros dele não me agradaram tanto e eu vi que muita gente esperava demais de "Tartarugas até lá embaixo" e acabaram dando de cara com a parede. Quero lê-lo um dia, mas vou esperar a poeira baixar *-*
    MilkMilks ♥

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  18. Olá!Tudo bem?
    Quando vi esse livro do John Green nem olhei pois já conhecia a trama,mas após saber que foi bem diferente do que ele escreveu fiquei muito interessada.
    Principalmente por aborda o TOC e ansiedade,algo que é uma sensação terrível.Que bom que o livro trás grandes reflexões e que mostrou a você que toque realmente é algo que existe e é horrível.
    Quero poder ler logo esse livro.
    Adorei sua resenha.
    Beijos

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  19. Olá Bruna, tudo bem?

    Porque raios o Green sempre tem que meter uma doença nas suas histórias? HAHAH. Sério, ainda não consigo entender o porque ele não pode trazer algo um pouco mais leve. Parece que o mundo dele é só esse. Infelizmente só o título já me impele de querer lê-lo. Aí chego na sinopse e a vontade se vai junto.~

    Beijos
    @blogodiariodoleitor

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  20. Já li todos os livros do John, e apenas está faltando esse, espero que esse título doido tenha alguma coisa a ver com o livro dessa vez,já amei o livro somente pela sua resenha, adoro quando um ator tras assuntos que a maioria das pessoas trata como algo banal e sem importância, estou muito ansiosa para a leitura, espero gostar assim como você.

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  21. Oie, tudo bom?
    Fico feliz que você tenha gostado do livro. Eu não curto muito os livros do John Green, mas tenho uma irmã que ama e me encheu o saco para comprar pra ela esse livro. Ela devorou o livro em alguns dias e amou tanto a leitura que quase me convenceu a ler também. Talvez um dia eu dê uma chance para esse livro.

    Beijos.
    www.manuscritoliterario.com.br

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  22. Oi Bruna!
    Menina estou louca para ler esse livro, já li tanta resenha positiva a respeito que ainda não sei porque não comecei ainda, ganhei de presente de Natal, e sempre adio a leitura. Estou com saudade das histórias de Green, ainda mais histórias tão densa como essa, que fala sobre uma assunto sério, mas que a maioria das pessoas acham ser mais uma frescura das pessoas! Estou bem animada e espero gostar tanto quanto você!

    beijos!

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  23. Oi, Bru

    Acho muito importante que haja um livro que fala sobre TOC e que seja escrito por um autor que sofre da doença. Eu não gosto do John e o considero um autor de um livro só, mas sei que ele é muito popular e é edificante usar a sua popularidade para dar visibilidade para uma doença que, como você mesmo apontou, muitas vezes é tratada como frescura.
    Que bom que você curtiu tanto a leitura!

    Beijos
    - Tami
    http://www.meuepilogo.com

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